Algum tempo atrás em uma aula de inglês a professora me pediu para falar (em inglês, obviamente) sobre alguma viagem que tivesse marcado a minha vida. Claro que muitas viagens vieram a minha cabeça, principalmente as mais recentes onde tinha visto paisagens paradisíacas. Mas naquele momento me ocorreu mencionar a minha primeira viagem para fora do Brasil, quando fiz um mochilão passando por Bolívia, Peru e Chile ao lado da Carol, minha melhor amiga e ficamos um mês percorrendo esses três países. E pensando nessa viagem tanto tempo depois acabei concluindo algumas coisas bem interessantes.
Sempre tive o sonho de viajar e conhecer o mundo. Desde pequena assistia a reportagens na TV sobre lugares exóticos e longínquos e imaginava o quanto seria legal conhecer aqueles lugares de perto. Quando a Carol sugeriu de fazermos essa viagem eu não pensei duas vezes em aceitar. Eu havia saído há pouco tempo de um emprego de muitos anos, do qual eu já não curtia muito e fazer uma grande viagem após sair dessa empresa foi como dar férias a mim mesma. Muitas pessoas ao saberem que tinha saído me questionavam quais eram os planos e se já tinha outro trabalho em vista e eu respondia: “não vou procurar trabalho agora, estou indo viajar”. A América do Sul é um continente riquíssimo em diversidade cultural, paisagens naturais das mais variadas e com opções para todos os tipos de viajantes. A escolha do roteiro foi da Carol, nós temos gostos parecidos gostamos de fazer caminhadas, trilhas e passeios ao ar livre então desde o início me empolguei com a idéia de visitarmos Bolívia, Chile e Peru. Naquela época em 2012 a situação econômica no Brasil era bem diferente do que é hoje e viajar por esses países com o dólar custando aproximadamente R$2,00 era realmente barato, principalmente na Bolívia onde passamos mais tempo que nos outros países e isso claro facilitou um pouco as coisas. Fazer essa mesma viagem hoje em dia seria muito mais caro. Fazer o planejamento de uma viagem é algo que hoje em dia considero como um capítulo a parte de qualquer viagem. Eu particularmente adoro essa fase de planejar todos os detalhes da viagem, considero que é onde a viagem começa e vai tomando forma. È um processo bastante trabalhoso na maioria das vezes, mas é também uma das coisas que te deixa mais animado em conhecer determinados lugares e, além disso, um bom planejamento vai ajudar a aproveitar melhor o seu destino e também vai ajudar a economizar antes e durante a viagem. Da nossa maneira fomos planejando aquela viagem ao longo de uns quatro ou cinco meses que a antecederam, não sei ao certo quando começou a preparação. Compramos equipamentos como mochila, botas de trilha, roupas para frio e também para tempo quente. Tiramos nossos passaportes (embora seja possível viajar pela América do Sul apenas com o RG), tomamos a vacina da febre amarela e tiramos o certificado internacional de vacinação (esse sim obrigatório para viajar pelos países de destino). Dois meses antes compramos passagens de ida e volta para Santa Cruz de La Sierra na Bolívia e a nossa viagem aos poucos foi tomando forma. Na primeira vez fazendo um mochilão ou uma longa viagem para o exterior você aprende muita coisa. Eu aprendi principalmente a tomar gosto por viagens. Antes desta viagem claro que já gostava de viajar, mas havia feito apenas viagens mais simples, principalmente para visitar a família e viagens curtas. Nessa viagem tudo foi diferente do que já tinha vivido até então. Eu sempre fui muito independente, mas naquela viagem eu senti que estava descobrindo o que era ter liberdade. Afinal éramos apenas a minha melhor amiga e eu e um monte de aventuras pelo caminho. O que pode ser mais libertador do que isso? Eu me sentia livre. Estava pela primeira vez saindo da “zona de conforto”, longe da família em lugares diferentes, falando um idioma diferente, experimentando comidas exóticas, conhecendo pessoas do mundo todo, aprendendo a me virar e tomar decisões de viagem. Pela primeira vez eu pude comprovar que o mundo é enorme, cheio de possibilidades e que havia muita coisa pra se ver e conhecer. Foi com essa viagem que aprendi que viajar não é “coisa de rico”, nem é algo elitizado. Viajar é possível sim. Conhecer o mundo sempre pareceu um sonho distante, mas eu aprendi que sonhos podem se tornar realidade. Outra coisa das mais importantes e interessantes dessa experiência foi a oportunidade de conhecer lugares tão próximos do Brasil, porém tão diferentes culturalmente. Conhecer outro país é a melhor forma de conhecer de verdade outra cultura. Não é simplesmente ter a opinião de um terceiro, ou de algo que você leu ou viu na TV, é simplesmente ir até lá e tirar as suas próprias conclusões. É ver, ouvir e sentir tudo você mesmo. Conhecer outras culturas te traz uma nova visão do mundo e te mostra o quanto cada lugar é único e cheio de peculiaridades. Para mim essa é uma das coisas mais fascinantes de viajar. Nós tínhamos planejado um roteiro para essa viagem, alguns lugares por onde pretendíamos passar e alguns pontos turísticos em mente. Mas nem tudo estava definido quando embarcamos. Fizemos reserva em um hostel em Santa Cruz de La Sierra, a primeira cidade por onde passaríamos e todo o resto foi se desenrolando ao longo daqueles dias. Talvez por isso tenha sido uma viagem incrível, por que muita coisa aconteceu de forma espontânea. Cada dia foi único e cheio de descobertas. Fazer uma viagem de forma independente, sem um roteiro engessado te mostra que é preciso se adaptar e ser flexível. Isso pode tornar a viagem ainda mais interessante. Muita coisa nessa viagem foi diferente do que imaginei, mas desde o início estava com a mente aberta e isso foi fundamental. Por mais que você planeje e pesquise as coisas são diferentes quando você está mochilando. Você precisa estar aberto a descobertas. Você vai ter a oportunidade de conhecer pessoas do mundo inteiro, e trocar idéias e experiências, principalmente em hostels e durante os passeios. Vai ter a oportunidade de conversar com os moradores locais, saber um pouco sobre a vida deles naquela cidade. Esse é o tipo de coisa que não tem preço. Essa troca cultural com as pessoas ao longo da viagem pode te trazer experiências enriquecedoras que você vai levar para o resto da vida. Vai ter também situações chatas, como vendedores insistentes, principalmente nos locais mais turísticos, pode ocorrer de se deparar também com golpistas de todos os tipos, aos quais é preciso estar muito atento. Viajar me ensinou também a desapegar e que não é preciso muito quando você está onde quer estar. Não é preciso e tampouco é recomendável ter muita bagagem quando se faz um mochilão. Nessa viagem eu tinha uma mala de rodinhas e uma mochila de quarenta litros. Era realmente muita bagagem para alguém que percorreria tantos lugares em tão pouco tempo. Ao longo das viagens seguintes a minha bagagem foi diminuindo bastante. Tudo é aprendizado. Nem tudo foi planejado e algumas coisas saíram até melhores do que se tivéssemos planejado. Quando estávamos em Cusco, já no finalzinho da viagem lembro-me de ter comentado que mesmo não passando por alguns lugares que eu queria muito ver eu estava muito feliz e satisfeita por que eu tinha passado por lugares lindíssimos e incríveis como o Salar de Uyuni. Tinha conhecido muita gente interessante, superado muitos desafios, como a questão da altitude em La paz. Passamos por alguns perrengues, como viagens de ônibus muito longas e cansativas e dificuldades para encontrar hospedagem em algumas cidades e sobrevivemos a tudo isso. Na verdade nós vivemos tudo isso. Aproveitamos cada lugar e cada oportunidade. E esse é mais um aprendizado que eu tiro dessa viagem. Aproveitar a oportunidade e viver intensamente. Depois dessa viagem tive muitas outras e algumas junto com a Carol e lembro que diversas vezes durante essa viagem a gente já falava que tínhamos que fazer outras. Chegamos a prometer que faríamos outro mochilão juntas em pouco tempo. E realmente fizemos no ano seguinte. Mas essa primeira experiência como mochileira foi realmente especial. Não foi uma viagem perfeita, na verdade fizemos muitas trapalhadas e vivemos situações que nos fazem rir muito até hoje. Com certeza ficaram lições para a vida toda e principalmente essa vontade de conhecer muitos outros lugares com a mente aberta e muita coragem e fé!
4 Comments
Amanda
11/19/2020 12:50:18 pm
Muito legal! Adorei as dicas e deu vontade de conhecer todos esses lugares ;)
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Néia Andrade
11/23/2020 02:39:42 pm
Fiz um Mochilão na Bolivia, fui a Sucre, o Salar de Uyuni, Copacabana, Isla de Sol, Santa Cruz de La Sierra e La paz. Foi fantástico. Perrengues mil, mas valeu cada dia. Agora inspirando para Santiago de Compostela.
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D Fabiano
1/4/2021 01:00:04 am
1 mês em Peru/Bolívia?Deu tempo para ir a vários lugares, não?
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Vanessa Sukevicieus da Cruz
1/18/2021 08:40:12 pm
Oii Fabiano!! Estou planejando escrever sobre essa experiência na Bolívia!! Já faz um bom tempo então vai ser um bom treino para a memória. Rs!
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